Semana dos namorados - Concurso de Textos de Amor - 2006

Premiados

2006

2005

2004

2003

 

   

1º Prémio

Anja da guarda
 
  Esperança Melo Cortes

  Menção Honrosa
 

Cerejas
 
João S. Martins
 
Manteigas

2º Prémio
 

"Tudo o que quero"
 

Pedro Vieira de Moura
 
Santo António dos Cavaleiros

 Menção Honrosa
 

Harmonia
 

Domingos Freire Cardoso
 
Ílhavo

 3º Prémio
 

"Não o Mar"
 

Filipe Alexandre Madaleno Luís
 
Lisboa

  Menção Honrosa
 

As palavras do Amor
 

  Paulo Manuel Marques da Silva

Vieira do Minho

 

 Menção Honrosa
 

Não sei por onde começar
 

 Ana Filipa Cardoso Martins
 
Porto

 

 Menção Honrosa
 

Paixão vs. Amor
 

 Maria José de Carvalho Ferreira da Silva
 
Senhora da Hora

   

  1º Prémio:

   

“Anja da guarda”

    

Sou tua anja da guarda, tua freira,
tua cabra, tua esquila.
É de ti que gosto - à minha maneira.
Meus sentimentos são de argila\!
Por ti rezo, da Terça à Segunda-feira -
assim, ando mais tranquila,
mas prefiro manter-me à tua beira\!
Meus sentimentos são de argila\!
Quero o teu calor a vida inteira,
a tua energia - que em mim cintila\!
É de ti que gosto - à minha maneira.
Dás-me colares de pérolas, ramos de cila,
viagens ao Céu - sou tua freira\!
Peralta

 

Esperança Melo Cortes

   

2º Prémio:

 

"Tudo o que quero"

 

Uma luz que afastava as sombras que insistem em fazer-se escorregar pelas superfícies que são tudo o que me resta de anteriores saldos negativos de amores.

Não te quero pedir nada, nada.
A não ser que fiques comigo para sempre.
Não quero que me dês nada, nada.
A não ser que te esvazies toda só para te engolir.
Não te prometo nada, nada.
A não ser ceder o espaço que existo para que tu o ocupes.
Não quero que esperes de mim nada, nada.
A não ser que eu esteja sempre à tua espera e tu de mim.
Não quero que me toques sequer.
Quero que me respires e bebas e te engasgues comigo.
Não quero que te dês.
Quero que já tenhas sido dada e eu te roube toda.

Não sei porque não consigo escrever certas palavras.
Talvez seja porque já sejam ditas mas não conheças o idioma ou eu o não saiba traduzir.

Ricardo Reis, um outro que preferia dizer pouco, disse\:

Quer pouco\: terás tudo.
Quer nada\: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.

Nós não queremos amor, porque temos ainda medo dele, de outro amor, de outros amores.
Nós queremos amor, mas um amor simples, que não se esvai tão rápido, porque se imiscui por nós lenta e profundamente.

Só quero que seja rápida a lentidão com que desejas.
 

Pedro Vieira de Moura
Santo António dos Cavaleiros

    

3º Prémio:

 

"Não o Mar"
 

Não quis o mergulho no mar
mas a profundidade dos teus olhos.
Não o sal eterno das vagas
mas a salinidade
picante do teu andar
e do teu falar de folhos.
Não o vaivém da espuma
que me lava e acaricia
mas a carícia do teu sorriso
e a tua pele de pluma.
Não a frescura das águas,
o roçar das algas,
mas a mansidão do teu regaço
onde me afundo sem mágoas.
Tão pouco o rechaço
da onda azul na areia
mas antes a tua veia
de poetisa e feiticeira,
de profetisa e candeia
a iluminar-me os passos.
Não o crude dos petroleiros
que se espalha na areia aos maços,
não os faroleiros ou os sargaços,
não o oceano cru e nu
- mas tu.

 

Filipe Alexandre Madaleno Luís
Lisboa

   

Menção honrosa

 

“Cerejas”
  

Foi um beijo com sabor
diferente... quente e
rosado das cerejas maduras,
flor dormente.
Dizem que os beijos
são como as cerejas\!
Ou serão as palavras
rosadas, vermelhas,
redondas e doces?
Para ti eu faço um ramo
de pétalas, desejos,
palavras e cerejas.
Depois, guardo as flores
num poema com pintas
rosadas, vermelhas...
Um laço, um nó, e
mando-te... um beijo.

 

 

João S. Martins
Manteigas

   

Menção honrosa

 

“Harmonia”


No teu pijama branco de cetim
Passeio longamente a minha mão
Sem saber se procuro a perdição
Ou em ti eu me quero achar a mim.

Fixo os teus olhos, num tempo sem ter fim,
Falo-te de dor, mágoa, negação
E, lentamente, ocorre uma explosão
Comandada por silente clarim.

Abre-se um beijo à flor da nosasa pele,
Nasce a ternura em cálices de mel
Que as nosas mãos elevam, puras, calmas.

A harmonia é total entre nós dois
Que os corpos estão nus, mas só depois
De termos desnudado as nossas almas.
 

Domingos Freire Cardoso
Ílhavo

Menção honrosa

 

“As palavras do Amor”


incertas, florescem livres
as palavras do amor.
soltas e quentes, rodopiam nos poros da tua pele
sussurando sílabas redondas ao som de cada sopro.
..e perdidas, deambulam no suor do teu corpo feminino
e em cada eco do teu grito surdo
que rasga a noite, anunciando uma nova madrugada.
\(esta noite, apenas te direi que sou feliz por fazeres parte de mim\).


Paulo Manuel Marques da Silva
Vieira do Minho

Menção honrosa

 

“Não sei por onde começar”


Não sei por onde começar. Podia começar a falar-te de amor, a enumerar-te um sem número de poetas, frases soltas na boca do dia, baba a escorrer por esses telhados de vidro. Podia dizer-te um "Amo-te",assim logo, como o orvalho que arrepia a folha. Podia até ser pirosa-não é assim o amor, doce cantilena de fado?-e dizer-te,\"ouve-me meu bem, só quero ficar contigo p'ró resto da vida". Sim, podia ser lírica e acreditar que o "para sempre" ainda existe. Podia ser flor, malmequer que roda a saia de cândura e se atira virgem no precipício. Podia ser só tua.Mas a vida é uma loucura. Vou mostrar-te o que vejo.Atravesso a ponte. O rio hoje parece prata. Gostava de poder dançar nele,gostava de mergulhar nele e procurar-te lá no fundo.Nos contos de fadas há sempre um tesouro no fundo do mar. Sim, eu sei, não é o mar, é o Douro. Parece que ainda ouço a tua voz de incisivo médico a auscultar o meu coração bandoleiro junto ao teu. Sim, continuo lunaticamente irónica. Prometemos um ao outro que haviamos de mudar,que tu ias deixar de embirrar com o o meu café e cigarros e eu com as tuas horas extra no hospital. Prometemos castelos, fadas e luas. Onde estão agora? Curiosamente, hoje vejo tudo isso. O rio brilha como a lua.Lá ao longe as muralhas fernandinas. E vejo também fadas nas asas que sombreiam a água. Só faltas tu.
Um rabelo passa como um cisne. Ao meu lado uma criança ri e desata a correr. Vou fazer como ela, bater as asas e voar por esse céu fora.Mas quanto mais olho para ele, mais ele me parece distante.Eu sei que sou louca para muita coisa. Mas tenho medo de voar sozinha, que queres que te faça? Terei mesmo de o dizer?Então eu digo\: Amo-te. Agora dá-me a mão e não me deixes nunca mais.

Ana Filipa Cardoso Martins
Porto

Menção honrosa

 

“Paixão vs. Amor”


Bebi Paixão dos lábios de um poeta,
Sonhei com um cavaleiro e um castelo,
Mas não havia forte, nem Senhor,
Onde obstinadamente queria vê-lo\!

Ergui bem alto o facho da ilusão.
Provei a toda a gente esta ventura,
Sem me importar com as vozes da razão
Que falavam na surdez de uma loucura.

Mas, eis que o tempo passa e não suporta
O tão pesado fardo do engano.
Ditosa fui\: bateu à minha porta

O Amor em pessoa. Eu fi-lo entrar
E ofereci-lhe um trono soberano.
Ditosa sou, pois veio p'ra ficar\!

Maria José de Carvalho Ferreira da Silva
Senhora da Hora