“Um [des]amor numa
esplanada e uma tentativa de engate”
O gajo é um sacana. Eu acho que ele é
muito desequilibrado. Ele não percebe que és uma pessoa especial? Acha
que és igual às outras? Ele é um patife. Até os próprios amigos
engana. Sabes o que é que eu te digo? Ó Teresa, é assim, não é fazer
mal às pessoas, mas ele não merece o teu respeito. Quando ele te ligar,
dizes-lhe, Olha, agora não posso.
Posso
sentar-me na sua mesa só para tomar um café?
Se
eu fosse a ti, até lhe devolvia o casaco.
Posso
ver o jornal? Que jornal é? Tem páginas de emprego?
Dizes-lhe,
Agora estou muito ocupada, estou a ouvir música, estou a jogar às
cartas. Ele gosta muito que toda a gente se sinta atraída por ele. Se
ele te pedir dinheiro, dizes-lhe que agora não tens.
Estou
a incomodá-la? (...Queria um folhado daqueles mistos, por favor.)
Ouve
lá, porque é que tu não resolves os teus problemas? Estás a
perguntar-me se eu estou bem e tu é que não estás! Resolve os teus
problemas, primeiro. Ele, de facto,
é desequilibrado. Tem a mania que o mundo gira à volta dele. O gajo tem
consciência, ele aproveita-se das pessoas. E continua amigo dela, porque,
sempre que pode, pede-lhe uns dinheirinhos emprestados.
(...E
um sumo de laranja.) Costuma vir aqui muitas vezes?
É
assim, isto para ser limpo agora, tens que te desmarcar. Queres falar?
Não tenho nada para falar. Ele, se quer falar, que fale. Ah, é?
Olha que chatice, mas agora não posso continuar a conversar, tenho aqui
umas coisas para fazer. Ofende-o, também. As mensagens que eu vi! A
dizer que está interessado e depois não está nem aí! Parece que está
a tentar pôr as pessoas malucas! E não lhe emprestes mais dinheiro, se
ele te pedir. Tu tens é que esquecê-lo.
Aqui
pode pagar-se com Multibanco? Não?! Olha, se puderes emprestar-me pelo
menos vinte euros, eu dou-te amanhã ou depois...
Posso
perguntar-lhe o seu nome?
Magda
Santos Silva
Lisboa